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A mostrar mensagens de fevereiro, 2020

Nos antípodas*

Baralhamos o tempo quando ao arrepio do sol vamos e rapidamente na noite entramos Não é a noite que nos chega somos nós que vamos ao seu encontro que a procuramos e apressamos o relógio habitual diz que é manhã mas o sol despede-se num instante A diferença entre o oriente e o ocidente é apenas uma volta sobre os calcanhares e por momentos andamos para o futuro ou para o passado sem sairmos do lugar Nos antípodas há rios   árvores   arranha céus   e   gentes    os mesmos gestos também mas outro é o tempo   o outono chega   de repente à nossa primavera as árvores que eram flor deixam cair as folhas em ouro fogo e carmim e o que devia ser manhã é o sol a despedir-se num arrepio sem fim                                    ...

Para além do visível *

Há momentos em que o transcendente se abeira de mim e numa brecha   do tempo deixa entrever o outro lado do espelho como um relâmpago que risca o céu cinzento e promete iluminar o que está para além dos confins do entendimento Tento desesperadamente agarrar esse momento clarificá-lo   conhecê-lo defini-lo   isolá-lo mas as sombras adensam-se e o momento eterno desaparece no mesmo momento em que tento agarrá-lo                                                  * Do meu livro “Sopros de Alma”, 2011, Editorial Minerva                                ...

Montanha Mágica *

Submersa em rodopiante neblina como véus numa dança inebriante mudas de rosto a cada instante presença que mesmo ausente se adivinha Imponente quando nua se tocada pelos elementos escorres água que em rios e lagos desagua O sol transforma-te em cores e a tundra que a neve esmaga subterraneamente espera pela próxima Primavera As tuas entranhas guardam o fogo sagrado que já derramaste quando em turbulência te acrescentaste em existência Embora velada só de pressentir-te   montanha sagrada a tua existência acrescentou-se à minha assim eu me acrescentasse à tua   *   Tangarino -Nova Zelândia

Sinais irreais

A água aspergida na parede desenha uma árvore Sem intenção o chuveiro comandado por mão distraída faz um desenho perfeito Que sinais encerram os mais simples gestos Que mão invisível nos guia neste efémero existir