Nos antípodas*
Baralhamos o tempo quando ao arrepio do sol vamos e rapidamente na noite entramos Não é a noite que nos chega somos nós que vamos ao seu encontro que a procuramos e apressamos o relógio habitual diz que é manhã mas o sol despede-se num instante A diferença entre o oriente e o ocidente é apenas uma volta sobre os calcanhares e por momentos andamos para o futuro ou para o passado sem sairmos do lugar Nos antípodas há rios árvores arranha céus e gentes os mesmos gestos também mas outro é o tempo o outono chega de repente à nossa primavera as árvores que eram flor deixam cair as folhas em ouro fogo e carmim e o que devia ser manhã é o sol a despedir-se num arrepio sem fim ...