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A mostrar mensagens de janeiro, 2021

O QUE ME INSPIRA *

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Foto: Alda Carvalho   os meus poemas são pedaços de vida  entrecruzados no nada são palavras com sentido ou vazias  à espera de serem preenchidas  por alguém são pedacinhos do mundo dispostos à minha maneira mas não são de ninguém porque eu sou uma  e várias ao mesmo tempo o que me inspira é poeira no espaço transportada pelo vento que agarro de muitas formas muitas cores muitos sentires muitos sabores tão iguais e tão diferentes aos de outras gentes sinto assim  o Universo a escorrer   através de mim   * Do meu livro “Sopros de Alma”, 2011, Editorial Minerva    

Redes e enredos

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  Foto: Alda Carvalho À beira do caminho havia uma rede uma rede que apesar da  larga  malha  criava a sensação de separação entre nós e o rio  como uma parede Por vezes poisavam nela pássaros curiosos por nos verem passar aranhas  nela teciam suas teias que em orvalho eram joias a brilhar lianas  enleavam-se nas entrelinhas derramando nela suas flores a rede  ganhava vida e novas cores   À beira do caminho já não há rede nem nela pássaros  teias  ou flores já não há parede  nem nela orvalho entre nós e o rio já não há enredos sente-se  o caminho  mais aberto criando a sensação de liberdade o rio  mais perto  segue sem segredos À beira do caminho  haver ou não rede não é motivo para não caminhar pois na sequência de presença ausência inúmeras paisagens se podem criar  

Ainda a pandemia

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                                Foto: Alda Carvalho                                   Cresce a ânsia de sair de casa abraçar os amigos os parentes enfim todos os entes que sustentam a nossa vida a nossa mente   mas muita cautela há um intocável por aí não basta fechar portas e janelas circula invisível inodoro intangível transportado pelos pés pelas mãos pelo vento ou pelo simples respirar e não possui um guizo ou um apito que o faça anunciar   esse ente traiçoeiro e tão pequeno pode estar em qualquer parte cada vez com mais arte para sobreviver e se multiplicar gerando oceanos de desassossego   para não sucumbir a esta aflição teremos de conter a ansiedade e o medo e inventar dum jeito real ou virtual novas maneiras de abraçar mais formas de nos proteger e fazer do caos renascer a luz da sua grande lição...

Estalactite *

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Foto: J. Martins Carvalho A gota de água carregada de esperança avança na direcção do abismo  prisioneira do tempo  que a seu tempo a fará pedra e mistério feito deslumbramento     * Do meu livro “Sopros de Alma”, 2011, Editorial Minerva                                                                                

Não há tempo a perder

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Encáustica: Alda Carvalho após a tempestade por detrás das árvores a luz começa a romper   subindo os degraus adivinha-se o fogo que nos vai inundar e outras existências poderá inflamar   o que nos rodeia   ainda cinzento novas cores vai ter   para quê o relógio não há tempo a perder