Prosa dos Ventos

Foto:Alda Carvalho   A aranha tece um fio imperceptível que  do branco tecto  a suspende Está imóvel a aranha esperando presa imprudente segundo a segundo ela espera o tempo que for preciso numa imobilidade  contínua a presa que há de vir por certo   Ao ver aquele ser inerte o curioso   incauto mal terá tempo para sentir a picada letal  que o reverte assim o imóvel vulto  enganou a incauta presa que em vez de comer foi comida Coisas da vida  

    Foto:Alda Carvalho As pedras do caminho são por vezes  orvalhadas  por lágrimas derramadas por quem percorre o caminho   quantas mais pedras houver mais lágrimas se derramam para cumprir o caminho   caminho feito de pedras tantas vezes percorrido de mansinho

Encaustica: Alda Carvalho Há inúmeras vozes à solta vindas de múltiplas formas que soam e ressoam ao vibrar  nos formam e deformam sem nos magoar   é urgente acolhê-las e percebê-las pois são caminho para a fonte o princípio de tudo o âmago de nós mesmos estamos interligados não isolados sozinhos ou separados da inteligência primeira   abrindo-nos ao novo sem resistência ou maneiras fruindo do puro vento e dos vários rumos que ele inventa estamos irmanados com tudo o presente e o ausente numa temporalidade sem fronteiras                                                                                

  Foto: António Borges Quisera ser pássaro asas apenas pairar no espaço dançar com o vento   Quisera ser pássaro mil olhos em penas abarcar o mundo e descerrar o seu sentido profundo   Quisera ser pássaro um voo   um sonho  um rastro