Foto: Alda Cravalho Amanheci com um infinito de céu azul irradiando uma luminosidade diáfana. No acto de me espreguiçar e sorver a manhã senti o apelo do rio. Respondi ao chamado. Esta manhã generosa, de princípios de outono a prolongar o verão, comove-me. O meu fito é o rio e os reflexos da manhã e aguardo a surpresa, porque sei bem que cada dia é diferente. Tudo flui, se desvanece, se recompõe, se amplia, nas suas relações sempre inconstantes. Há uma multidão a percorrer os passadiços nesta parte do rio com ganas de mar. Sobrevoo o sapal, através dos passadiços, que é tudo menos monótono. A subida e descida da maré alteram a sua geografia e os seres que lhe debruam as margens vivem em constante reboliço. Em contínua observação vou sempre mais além do que o pensado. É o rio e as suas margens que me guiam. Absorvo a sua luz e os seus movimentos, indiferente aos passantes sobre duas pernas ou duas rodas. Os flamingos, na sua dança de cariz clássico, concentram a minha atenção...