Chaves à beira Tâmega


                                                               Foto. Alda Carvalho



Atravesso a ponte levadiça

e transporto em direcção ao rio

a minha liberdade

 

Respiro profundamente

rio e montanha a purificar-me o ar

junto o piar dos pássaros e o canto das cigarras

 

Contemplo as pontes  as antigas e as modernas

as confluências felizes

O som de um acordeão corta o silêncio inicial

 

Aqui se misturam variadas gentes

emigrantes de todos os quadrantes

atraídos pelo rio como um íman

 

O global a tocar o local

a transformar e a transformar-se

o cruzar de gentes a desenhar uma nova essência

 

O rio como o lugar sempre aqui

a fluir dentro de si

e os reflexos das coisas paradas ou em movimento

 

Felizes as cidades que têm um rio dentro 



Comentários

  1. Felizes. Mas, e as abandonadas pela água, as que sofrem de calor e frio e vivem à míngua de tudo, pedras transidas e compactas em matemática de inverno e rachando em estios indesejáveis, sufocadas no ar quente que amodorra em volutas concêntricas, peso de fogo que se abate sobre todas as coisas. Que é delas, dessas cidades que atravessamos desejando água e frescura, desses áridos lugares onde o sofrimento dos homens copia plantas e animais, lugares sem viço que não podem fugir de si e não têm talvez a admiração de ninguém, onde poucos desejam permanecer. À beira de água, em sombras rumorosas, penso nelas com detalhe.
    BFS

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  2. E assim se sente liberdade e felicidade, em comunhão com a natureza, tendo o olhar como guia e a interioridade bem desperta. Com tempo. Com o pensamento atento, em fluxo. É isso que dá sentido à vida. Esse rio tem caminhos de pedra sólidos, apetece atravessá-lo. O poema é muito bonito e cria o prazer da sintonia com o sentir da poeta. É como se lá estivéssemos, em liberdade!

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  3. A natureza tem coisas belas como estes cursos de água.Há mais encanto numa cidade banhada por um rio,o elemento água embeleza o lugar e assim a maior parte das cidades preferem estar envolvidas por água.

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  4. ¡Oh qué maravilla ,Chaves y su río eterno!! .Y qué maravillosa tu visión de la ciudad que se llena de vida y se transforma gracias al río. Tu mirada poética y filosófica transciende la descripción para hacerme revivir la experiencia de haber estado allí. Ha sido un placer leer el poema perfectamente ilustrado con la fotografía que has elegido. Enhorabuena por tu composición

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