Pintem-me às cores*
Pintem-me às cores
pintem-me livre
sem temores
sem amarras
nem tutelas de ninguém
sem padrões
e sem explicações.
Pintem-me como uma seara a ondular ao vento
com papoilas no meio de outras flores
ou como um pássaro fulgente
que cruza o céu em várias direcções
Pintem-me como uma onda
que no seu vai e vem se desfaz em espuma
ou como um rio que se espreguiça em direcção ao mar
onde nasceu e vai voltar
Pintem-me como um coração apaixonado
a bater de emoção descompassado
ou como um afago à distância
com ou sem substância
Pintem-me como uma montanha altiva
com neve a escorrer das brincadeiras das crianças
ou como uma nuvem trespassada por um raio de sol
formando arco-íris de ilusões
Pintem-me como uma estrela cadente
em céu estrelado
ou como uma fogueira a crepitar
em noites geladas
Pintem-me como uma árvore de fundas raízes
e longos braços a abrigar esperanças
ou como um simples bambu a baloiçar
de encontro ao vento numa misteriosa dança
Pintem-me às cores de qualquer jeito
a viver neste mundo imperfeito
mas com tanto tanto para amar!
Quantos somos sendo um... mas é um quadro muito bonito, o teu. Descreves-te fielmente. Quem dera que todos os retratos tivessem tal beleza e exatidão.
ResponderEliminarLinda, a tua aguarela!
És pássaro fulgente, raio de sol, árvore de raízes profundas e tronco direito, és de natureza viçosa e fecunda e quando em ti pensamos sentimos a brisa da generosidade e da alegria. Pintar-te-emos às cores, sim. Talvez ainda mais feéricas do que as da tua aguarela.
ResponderEliminarEsse jogo com as palavras e o domínio dessa forma poética transborda sensibilidade e também nos transporta (através da leitura) para outros instantes. <3 Uma verdadeira aquarela de emoções.
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