Aqui os extremos tocam-se *
Índia
um mundo tão diferente
O nosso coração quebra-se em pedaços
a todo o momento
Aqui os extremos tocam-se
e coexistem simplesmente
os cheiros
ora nos embriagam ora nos enojam
a paisagem
ora nos extasia ora nos sufoca
os monumentos
revelam o esplendor de outrostempos
e o sofrimento do sempre explorado povo
o trânsito
faz coro com o caos
No meio do horror e do caos
há sorrisos
e saris fugidios de mil cores
que renovam e se sobrepõem
aos charcos mal cheirosos e repelentes
onde chafurdam animais e gente
Também nos campos
saris de cores vibrantes
pontuam a paisagem
como uma miragem
Aqui é tempo de desespero e de esperança
estampados nos olhos das mulheres e das crianças
Anda-se constantemente no fio da navalha
e a vida é um mistério a sobrenadar o caos
*Do meu livro “Sopros de Alma”, 2011, Editorial Minerva
Partilho muito do olhar ocidental em visita à Índia. Também senti parte do que descreves, sem o toque poético dos teus versos. Sobreveio-me uma enorme incompreensão face à noção de casta, Intocáveis, magreza extrema, águas turvas em que algumas pessoas se banhavam rodeadas de farrapos de leite e cascas de fruta à mistura com cinzas de incinerações de humanos em piras visíveis nas margens do rio. Ziguezagueei entre sentimentos, como as estrofes do teu poema, mas as vibrantes cores, bem como a magnificência dos monumentos foram ofuscadas pelo choque cultural. Como poeta vês muito mais fundo o belo no cenário que a eloquente foto nos mostra.
ResponderEliminarDesconheço da Índia mais do que li nos dois livros de Arundhati Roy. E o que descreve uma indiana, suponho eu que seja verdade. Mesmo que a escritora queira sobretudo fazer ressaltar as enormes diferenças sociais, a irregularidade que a política veícula, os esquemas de opressão e supressão... acredito em Arundhati. A que preço floresce a economia indiana.
ResponderEliminarMagnífica descrição da Índia.
ResponderEliminarUm país de contrastes onde a pobreza e opulência se destacam.
Dizia o nosso guia que a Índia talvez fosse mais populosa que a China por há pessoas que nascem, vivem e morrem sem qualquer identificação .Não constam nos censos.
Os sabores picantes e exóticos das comidas são diferentes e bastantes digestivos.
O transito e algumas ruas são inacreditáveis.
Ainda se encontram vestígios de Portugal como a língua portuguesa fala por alguns habitantes que frequentaram a escola portuguesa, habitações e nomes de ruas.