À Serra da Estrela*

 

Foto:Alda Carvalho




Sempre me rendo

quando regresso a ti

 

O que me deslumbra

é o súbito mistério

com que te enrolas

em ventos e brumas

ou a forma como te desvendas

alargando-te em planuras

e caindo a pique

provocando tonturas

 

Ora te arredondas

em suaves carícias

ora te eriças em picos altivos

 

És agreste e doce

rude e bela

nas formas como te esculpes

te dobras e desdobras

te estendes e interrogas

 

Nasci em ti

corres-me nas veias

sinto o teu apelo

no fundo de mim

 

És a minha Estrela




                                                    *Do meu livro “Sopros de Alma”, 2011, Editorial Minerva


Comentários

  1. bea17 de setembro de 2021 às 23:09

    Fiquei até com inveja por teres assim uma estrela forte e venturosa a acompanhar-te a fundura. Estrela que os pés calcorreiam e onde o deslumbre dos olhos se perde e ganha E lembro o poeta, "mil anos há que busco a minha estrela/ e os fados dizem que ma têm guardada ...".

    ResponderEliminar
  2. anamarcotrim20 de setembro de 2021 às 16:45

    Bela declaração de amor. E não corresponde a um momento de arrebatamento, mas a um persistente amor de longa data.

    ResponderEliminar
  3. Fernanda26 de setembro de 2021 às 17:01

    Sublime, nas sensações que transmite!

    ResponderEliminar

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