Somos todos escravos


Foto: Alda Carvalho



Somos todos escravos

duma escravidão líquida

ou omissa

duma escravidão acorrentada

ou dourada


Somos escravos dos outros

e de nós próprios

escravos do trabalho

escravos da tecnologia

escravos do que temos

e do que queremos


Somos escravos

das nossas convicções

das manias  das fantasias

das perseguições

dos preceitos e preconceitos


Somos escravos da razão

e da emoção

Somos escravos do passado

e do futuro que sonhamos

Somos escravos do poder

e do dever


Somos escravos agora

e a toda a hora

 

Oh! Ser livre

como os pássaros

não conhecer barreiras

nem fronteiras

nem maneiras


Voar para além do consentido

do impedido

Voar para além do medo

e da própria dor


Voar para além do horizonte

para além da dependência

seja do que for

e de quem for

Voar para além do amor




Comentários

  1. Muito bonito, prosa. E impossível.

    ResponderEliminar
  2. Gosto muito deste poema. É lindo. A roda da fortuna determina muito da nossa margem de escravidão e de liberdade.

    ResponderEliminar
  3. Fantástico e a imagem totalmente enquadrada , pela engrenagem, pelo colorido também dourado, pelos raios que parecem aprisionar... Poema inspirador, espelho de mim e lindo na magia e simetria das palavra. É um "aconchego" lê-lo.

    ResponderEliminar
  4. Podemos ser livres se... Acreditarmos que é possível ressuscitar das cinzas do que queimarmos...
    A cinza das nossas lareiras, que nos aquecem nos invernos, fertilizam a terra, para aconchegar as sementes que, adormecidas no negrume do solo renascem nos alvores da Primavera...
    Podemos escolher a árvore mais vetusta ou outra ainda novinha e perguntar-lhes "vale a pena ressuscitar das cinzas"?
    Elas respondemmm🌻☀️🕊️

    ResponderEliminar
  5. Há muitos anos, trinta ou mais, numa viagem do Algarve para Lisboa, passei por dentro de uma aldeia alentejana, altas horas da madrugada. E descobri um pobre, coitado rapaz a dar voltas e mais voltas a um quiosque fechado e forrado de publicidade a viagens por esse mundo fora ...
    O jovem gritava, chorando que queria sair dali, ir para aqueles lindos sítios, mas estava preso.
    Nós é que nos prendemos a nós próprios; a liberdade é possível e atingível. O que é preciso é saber se estamos dispostos a pagar o seu preço.

    ResponderEliminar

Enviar um comentário

Mensagens populares deste blogue

Caminhar

O QUE ME INSPIRA *

Entre o sonho e a realidade