Prosa dos Ventos

Foto: Alda Carvalho   Dizem   que os abutres são feios que comem os restos de outros animais que são necrófogos e não sei que mais   atentemos no voo observemos a figura deixemo-nos levar pela sua envergadura   como bombardeiros a cobrir o céu rasam as nossas cabeças planando apenas      asas imensas   deixemos os preconceitos e agradeçamos do ambiente a limpeza e do voo a grandiosidade e beleza    

Estrela de Natal feita à mão: Rita Costa* Natal é sempre uma luz apesar dos negros tempos que nos conforta e apraz mas também algo pungente que nos deprime e desfaz dada a insanidade presente   Quando o ódio se aprofunda e a razão se perturba nos enreda e nos confunde a amizade e o amor são de difícil tessitura e o Natal tem menos luz   Mas há sempre uma esperança há mais de 2000 anos nascida também em tempos de horror e por vezes esquecida em que um Deus tornado humano morreu na cruz por Amor   * Estrela de Natal feita pela nossa mestra de yoga,  para cada um de nós...

    Foto:Alda Carvalho Surgem flores fora do tempo cada flor em estádio diferente como se quisessem prolongar o encantamento   Timidamente uma flor de glicínia recorda a sua lilás beleza ressoa numa sintonia suave e límpida despojada de enaltecimento   Flores que se subtraem ao tempo suaves e rebeldes e por isso se retraem e me atraem   fazem parte de mim como se numa vida antiga houvéssemos estado irmanadas

Foto:Alda Carvalho     quando a felicidade nos inunda ou a tristeza nos visita sabe bem o calor dum abraço pois empatia  amizade  amor se dizem bem através dum abraço como encontro de corações   há também o abraço virtual mas não tem o calor de um humano abraço e  se repararmos bem é no abraço real que os humanos se entregam e se comovem   no fim de contas é o humano abraço que  mais desejamos e procuramos

Foto: Alda Carvalho   As mágoas passadas são menos pesadas que as mágoas presentes perderam parte da dor   A sua recordação não gera tanta emoção nem interrogação passou a passado embora possa escurecer o presente   As mágoas existentes no presente têm laivos de eternidade e vão beber nas cicatrizes antigas que as falsificam e intensificam