Uma mulher fantástica vê uma lareira *
Foto: Alda Carvalho Uma lareira é já por si uma coisa fantástica. Estou a pensar numa lareira acesa, pois caso contrário a lareira não merece a mínima atenção. A chama, as cores, o crepitar, a dança, formam um cenário que preenche qualquer imaginação. Mas a lareira só existe se alguém a vê, se alguém a percebe, caso contrário finar-se-á, esmorecendo até se extinguir, sem passar do não ser ao ser ou ter sido. Agora se uma mulher, ainda por cima fantástica ( mas as mulheres não serão todas fantásticas?!) vê uma lareira, então a lareira transforma-se num acontecimento fantástico. E se a mulher tiver tempo para a contemplar, para seguir a evolução do fogo, que muda a cada instante, que se transforma em dança, e se ela própria entrar nessa dança, então a atenção transforma- se em prazer, em meditação, em gratidão, pois entre a lareira e a mulher há uma espécie de comunhão. ...