Homenagem de Joaquim Mexia Alves

O meu amigo Zé, o Eurogeólogo!

 

Conheci o Professor Doutor José Martins Carvalho em 1984/1985, quando as Termas de Monte Real adjudicaram à firma ACavaco o seu primeiro furo.

Ele trabalhava então  nessa firma, se bem me lembro, e o seu trato fácil e simpático, aliado ao seu saber, logo me conquistaram.

Nesses anos, (o furo teve o sucesso que pretendíamos), aprendi as “primeiras letras” da hidrogeologia, que depois fui acompanhando ao longo dos tempos.

 

Passei a vê-lo em congressos, palestras, etc., e de pronto procurava a sua companhia e o seu parecer sobre dúvidas que tinha sobre tudo o que envolvia o nosso aquífero, bem como, no âmbito da minha condição de membro da direcção da ATP, os seus conselhos sobre legislação e tudo o mais que a DGEG ia fazendo e propondo ao longo do tempo.

 

Sempre me ouviu respondendo com toda a atenção, ajudando-me a decidir em várias matérias.

 

Admirei sempre a sua capacidade para me/nos explicar, (leigos na matéria), ora em conversas cara a cara ora palestras por si dadas, a complexidade da hidrogeologia, sem recorrer a “palavras caras”, muitas vezes incompreensíveis para quem não conhece essa matéria.

Não se valia do seu muito saber para se fazer melhor do que os outros, mas procurava, isso sim, que os outros pudessem compreender e beneficiar desse seu muito saber.

 

Passados alguns anos e nos inícios do novo milénio, foi convidado e aceitou a direcção técnica das Termas de Monte Real.

Os nossos contactos tornaram-se mais frequentes e embora havendo uma certa formalidade no nosso trato, era evidente uma amizade e uma identidade de opiniões sobre diversas matérias que excediam e muito o âmbito da hidrogeologia.

 

Nessas conversas pessoais viemos a perceber algo mais que nos ligava e que eram as comissões militares em África, ele em Moçambique e eu na Guiné.

O seu interesse sobre a guerra do Ultramar era muito grande e assim ainda trocámos livros sobre esse assunto.

Convidei-o, então, para ir comigo a um almoço de combatentes que todos os meses fazíamos em Monte Real.

Aceitou de imediato e foi nesse dia que decidimos deixar de lado as formalidades e passarmos a ser “apenas” o Zé e o Joaquim, tratando-nos por tu, como fazem os amigos.

 

A nossa amizade estreitou-se e era com enorme prazer e expectativa que eu esperava as suas vindas a Monte Real, algumas vezes acompanhado pela sua mulher Alda, a quem ganhei imensa estima e consideração, resultando sempre essas visitas em almoços muito bem conversados que muito me agradavam e preenchiam.

 

O Zé era, como se dizia antigamente, um homem bom e dizendo isto com o sentido que então se dava estaria tudo dito.

 

A verdade é que sendo uma figura reconhecida internacionalmente, era de uma grande humildade, escutava sempre as opiniões dos outros, (até quando elas eram enormidades), era incapaz de levantar a voz numa discussão, (pelo menos eu nunca testemunhei algo parecido), a sua honestidade e integridade eram acima de qualquer prova e o seu amor e saber pelas “rochas e pedras” era inquestionável.

 

Deus ama os “homens de boa vontade” e o Zé era sem dúvida um “homem de boa vontade”.

 

No meio das nuvens do céu procura agora as rochas da eternidade e as águas que nunca deixam de correr.

 

SAUDADE

 

A saudade

é um sentir português,

que vindo do coração,

nos envolve de tal modo,

que aquele que partiu,

se faz vivo em nós,

outra vez.

 

15/01/22

 

Até já, Zé!

 

 

Monte Real, 2 de Fevereiro de 2023

Joaquim Mexia Alves

 

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