Uma mó não é só

 




Foto : Alda Carvalho


 

Velha mó de moinho

que hoje contemplo

como objecto de meditação


quanto grão passou sob o teu corpo

gerando farinha

que se tornou pão

 

és uma obra de arte

construída em conjunto

pelo engenho do homem e do tempo


a tua forma respira harmonia

um círculo de pedra cravejado de musgo

com um círculo concêntrico de vazio


oferta de um amigo há longo tempo

é pura sintonia a tua existência

íntima da simplicidade e congruência


vejo-te e vejo-me

e através de ti vislumbro outras existências

em cada momento em que te contemplo

Comentários

  1. Quando um objecto se transforma numa lembrança simbólica, acontece poesia.

    ResponderEliminar
  2. É lindo o teu poema e a mó merece-o. Infunde respeito e veneração. É um artefacto, diria universal, dos confins dos tempos, vital para a espécie humana. Circular, na sua ancestralidade

    ResponderEliminar

Enviar um comentário

Mensagens populares deste blogue

Caminhar

O QUE ME INSPIRA *

Entre o sonho e a realidade