Outros tempos

 

Foto: Alda Carvalho


 

O sino marcava a hora

de encontros para o jantar

velhos tempos em que o tempo

era hora de sonhar

 

O sino marcava a hora

de parar a brincadeira

velhos tempos em que o tempo

sobrava para cavaqueira

 

Agora não há mais sinos

a convocar companhia

já que os tempos deste tempo

são horas de correria

 

 

Comentários

  1. Lindo e saudoso poema de outros tempos em que realmente se vivia ...
    De que se irão lembrar os nossos netos daqui por meio século, do tempo da sua juventude ?
    Bom fim de semana, Alda

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  2. Apesar do nosso sino só tocar aos domingos chamando para a missa, e de eu ter sido uma das tocadoras de sino (adorava pendurar-me na corda juntamente com uma amiga), digo-te que temos um martelinho interno que nos atormenta os dias, nos tira o vagar e o sono e parece querer que sejamos perfeitas: fazemos as unhas e o cabelo, as sobrancelhas e os pelos quase todos do corpo (ou mesmo todos). E como se não bastasse, há a ginástica e as bicicletas que não saem do lugar, facto que mas torna desde logo aborrecentes. E não se percebe para quê, quem é gordo, gordo fica ou lá volta mais tarde ou mais cedo; e os magros idem. Mas, para além dos tratamentos do corpo, há a casa - e tem que estar limpa e linda, coisa que também é difícil de fazer e mais ainda de entender: não serve para vivermos nela? Segundo raciocino, viver uma casa, ou ter uma casa vivida, não é sinónimo de tudo a brilhar e em lugar certo. E depois queremos ter tempo para os outros (aqueles que, em geral, se dão ao mesmo trabalho que nós). Não é o sino que falta, é a nossa humanidade que resvala, só ela está acima do tempo.
    E boa noite, Alda. Entendi o sentido do poema. E do sino.

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