(I)MIGRAÇÃO*
Não me deixes cair!
Sou teu irmão
embora de outra cor
ou doutra religião
mas a minha alegria
e toda aminha dor
são como as tuas.
Também gosto de olhar as estrelas
e contemplar a lua.
Sonho um amanhã diferente
em que seja tratado como gente.
Tenho fome
falta-me um sítio para dormir
e tenho medo
da sombra que me anda a perseguir.
Não me olhes de lado
não me apontes uma arma
e não me mandes de volta
para o lugar onde nasci.
Não me chames estrangeiro
deixa-me viver aqui.
*Do meu livro “Sopros de Alma”, 2011, Editorial Minerva
Este poema diz-me muito, talvez até demais...
ResponderEliminarO meu pai, quando eu tinha menos de vinte anos, anos sessenta do outro século, "refugiou-se" em França. Pouco mais de um ano depois, "chamou" a família nuclear, a minha mãe e a minha irmã, para se juntarem a ele, nuns largos meses de penúria terrível.
Eu, cumpri o meu dever cívico e segui para o Ultramar.
Conheço o assunto, sei do que se sente, do que se sofre, da última esperança que a França nos deu.
E como o lindo poema da Alda está cada vez mais actual, agora passados mais de uma década, também apelo com toda a minha alma:
DEIXEM OS IMIGRANTES VIVER AQUI CONNOSCO.
Os problemas são sempre os mesmos, as pessoas é que diferem. Depois, como quase tudo em Portugal, fica ao critério de cada um explorar ou dar emprego; arrendar ou sub alugar com exploração; etc.
ResponderEliminarO teu lindo poema põe o dedo na ferida: a condição do imigrante indesejado.
Não concordo que deixemos entrar toda a gente. Porque somos um país pobre e pequeno e não poderemos atender a tanta miséria, nem dar condições dignas de trabalho e habitação a todos. É impossível. Ou acontece o que se vai vendo. Até que a corda rebente.
Um beijinho, Alda