A onda


Foto: Jorge Espinha Marques*









uma bolha na ondulação do oceano

agitada pelo vento

não está só

mas de mãos dadas a todas as bolhas que formam a onda


o confinamento é uma ilusão

no oceano de ilusões

 que formam a nossa mente  


 não existe espaço nem tempo no pensamento

tanto estamos neste verso

como nos confins do Universo

existimos ou fingimos

 

somos corrente sempre em movimento

não águas paradas ou estagnadas

mas sempre agitadas

como o pensamento


somos com os outros  a todo o momento




Fotógrafo premiado, Professor na Faculdade de Ciências do Porto, na área de Geologia,








Comentários

  1. Por acidente. às vezes uma dessas pequenas bolhas, por acção duma ilusão ampliada pela imaginação, transforma-se numa onda gigantesca que nos engole e quase mata.
    E depois, como a pedra ou a palavra, pode ser tarde.

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  2. Pessoa disse qualquer coisa como "Irra! Já disse que não sou de companhia":)). Não lhe deu grande resultado, humanamente falando; que, como poeta, caiu no excepcional.
    Acredito que sem os outros não seríamos quem somos, a hominização é um processo que os exige, não há como escapar-lhe; nem é desejável.

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  3. "Somos com os outros a qualquer momento", É um verso síntese maravilhoso. A interligação e a interdependência estão celebradas no teu poema, embora a bolha não negue a sua individualidade.
    "Nenhum Homem é uma ilha", mas cada um terá a sua especificidade na onda.
    A foto faz-nos entender melhor o teu poema, o pensamento. Atira-nos para o multiverso do oceano e das ideias.

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