Caminhar
Foto: Alda Carvalho Caminhar respirar a frescura da manhã ou a suavidade cálida do entardecer os pés traçando o caminho sentindo a aspereza da pedra ou o fofo da relva em cada passada seja ela lenta ou apressada o seu ressoar em todo o ser é uma massagem energética e íntima não só ao corpo mas também à alma em reverência à paisagem
Penso isso mesmo. No emaranhado da vida há terras outras de que bebemos nos encontros breves que tecemos. As raizes - nossas e das árvores - atestam a vida e a luta pela sobrevivência. Existem as aprumadas que afundam, afundam, e pouco se lhes vê da superfície, não é fácil arrancá-las, tal a força com que, solitárias, mergulham terra abaixo. E as que tecem teias mais superficiais, encontros de muita mão que as alimenta e tanta vez matam e asfixiam tal a sua potência para sugar tudo à volta e criar, em visível beleza, a arte de se prenderem à terra. Não o fazem por mal, é ainda o instinto de sobrevivência a determinar-lhes a forma grácil que admiramos. Cada um de nós sabe o tipo de raiz que tem e de que não é, na origem, responsável. A uma cabe afundar na profundidade do sentimento; a outra tecer redes e alimentar-se delas. Aprumados ou fasciculados. Sem outro mérito que realizarmos o que somos.
ResponderEliminarBom Dia, Alda
As raízes, como na habitual excelência da foto da Alda, por vezes estão à superfície e à vista de toda a gente; E não é por isso, que são menos fortes.
ResponderEliminarA sobrevivência só vale a pena se for partilhada; se o não for, é simples teimosia ...
Bom fim de semana, Alda.
É beleza, determinação, interdependência o que a tua foto mostra.E a mensagem filosófica do teu haiku - é assim que vejo o teu poema - faz-nos sentir o valor desse emaranhado que nos salva.
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