Casal do outeiro

Foto:Alda Carvalho



Sentada na soleira da porta da casa senhorial

contemplo a manhã

tudo á volta é beleza primordial 

escuto uma serenata 

com um solista muito afinado

acompanhado por discreto coro

no Ácer em frente situado


Uma ligeira brisa perpassa-me

e agita as folhas das árvores seculares

Aproxima-se a hora da despedida

já sinto saudades de cada momento

ficaria ali eternamente  

de bom grado cavalgando o pensamento 

 




Comentários

  1. O que é bom acaba depressa, diz o povo com razão. Mas fica a memória. A memória que nos salva por nos dizer o que vivemos com quem. Haver no presente o que agrada e nos faz bem à alma, é construir memórias salvíficas, muros que nos protegem de ventos uivantes e tempestades desarrumadas. Não é apenas uma questão de identidade, de sabermos a relação com os outros no presente. É também - na nossa idade, talvez sobretudo -, a lembrança da teia de que fomos obreiros, dos momentos de beleza que nos assolaram, da comoção que nos veio disto e daquilo, dos sonhos que a realidade tanto mudou mas a que sobrevivemos, dos golpes fundos que a vida traz consigo e nos entrega em mão. Tanta coisa que, sem memória, nos seria nem água escorrendo entre os dedos.
    Fico bem contente por esses teus momentos verdadeiros e de magnífica grandeza, Alda. O poema ilustra bem o sentimento do inefável que condensa no desejo de permanecer. Em situação semelhante, dizia um apóstolo a Cristo, "Façamos aqui três tendas...".
    Um abraço e bom fim de semana

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  2. A natureza permite-nos contemplar cenários e paisagens que nos redimem e fazem sonhar.
    Bom fim de semana.
    Abraço de amizade.
    Juvenal Nunes

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  3. Amaste o lugar. Está bem de ver. Fixaste-o no pensamento, no poema, na foto. Entranhou-se-te na pele e na alma e vais guardá-lo no coração. Que bom partilhá-lo connosco de forma poética e suscitar-nos lembranças afins que cada um de nós guarda - bocadinhos de sublime. São o sal da vida.

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