Casal do outeiro
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Foto:Alda Carvalho |
Sentada na soleira da porta da casa senhorial
contemplo a manhã
tudo á volta é beleza primordial
escuto uma serenata
com um solista muito afinado
acompanhado por discreto coro
no Ácer em frente situado
Uma ligeira brisa perpassa-me
e agita as folhas das árvores seculares
Aproxima-se a hora da despedida
já sinto saudades de cada momento
ficaria ali eternamente
de bom grado cavalgando o pensamento
O que é bom acaba depressa, diz o povo com razão. Mas fica a memória. A memória que nos salva por nos dizer o que vivemos com quem. Haver no presente o que agrada e nos faz bem à alma, é construir memórias salvíficas, muros que nos protegem de ventos uivantes e tempestades desarrumadas. Não é apenas uma questão de identidade, de sabermos a relação com os outros no presente. É também - na nossa idade, talvez sobretudo -, a lembrança da teia de que fomos obreiros, dos momentos de beleza que nos assolaram, da comoção que nos veio disto e daquilo, dos sonhos que a realidade tanto mudou mas a que sobrevivemos, dos golpes fundos que a vida traz consigo e nos entrega em mão. Tanta coisa que, sem memória, nos seria nem água escorrendo entre os dedos.
ResponderEliminarFico bem contente por esses teus momentos verdadeiros e de magnífica grandeza, Alda. O poema ilustra bem o sentimento do inefável que condensa no desejo de permanecer. Em situação semelhante, dizia um apóstolo a Cristo, "Façamos aqui três tendas...".
Um abraço e bom fim de semana
A natureza permite-nos contemplar cenários e paisagens que nos redimem e fazem sonhar.
ResponderEliminarBom fim de semana.
Abraço de amizade.
Juvenal Nunes
Amaste o lugar. Está bem de ver. Fixaste-o no pensamento, no poema, na foto. Entranhou-se-te na pele e na alma e vais guardá-lo no coração. Que bom partilhá-lo connosco de forma poética e suscitar-nos lembranças afins que cada um de nós guarda - bocadinhos de sublime. São o sal da vida.
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