Tempo de ausências



O tempo não nos dá tempo
é preciso chegar
no mínimo tempo a qualquer lugar

Não há tempo para sonhar
nem para gostar
não há tempo para olhar o caminho
nem o caminhar

Neste caos aparente
em que mergulhamos
não há tempo para pensar
nem  tempo para desvendar
o essencial e o diferente

É preciso chegar
no mínimo tempo a qualquer lugar

Passamos pelas pessoas sem as amar
pelas palavras sem as entender
pelos gestos sem os suspeitar
pelo silêncio sem o ouvir
pela vida sem a agarrar

Passamos
puramente passamos

É tempo de habitar as ausências
agora
É nas margens do caminho
que o tempo se demora



Comentários

  1. Gosto deste tema tão nosso e que tu poetizas como não sei.
    Julgo que dentro do tempo, há um tempo em que nos damos sem horas e isso é o único que importa. Tudo o mais, é vão. Existir no rigor de um intervalo subordinado ao relógio é faz de conta que cerceia o possível. Repara que, até para escrever, precisas de um tempo imóvel, escreves como se ele não seja variável da tua equação. Só então, pé ante pé, a liberdade das palavras se aproxima. Arte, é viver dentro da clepsidra como se ela não exista. Penso eu de que:).

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