Viajando no tempo


Descalça  
desço a escadaria
e os meus pés frios
entram na rua quinhentista
povoada de gente

Viajo ao passado
de sons e sensações
por entre a vozearia
ocupada em compras e vendas
de objectos e de almas
de prantos e de espantos
E assim me misturo
e deixo entre parênteses
o meu canto

Vestindo ora farrapos
ora sedas e brocados
arrasto-me nos sons
dos cascos das bestas
do tilintar das moedas
da música dos metais

e escuto os sinos chamando à oração
numa babilónia de olhares
objectos e sentimentos
de vários lugares e tempos
convergentes
naquela rua de quinhentos

Comentários

  1. En estos versos intuyo la SAUDADE tan presente en el alma de Portugal. ! Genial¡

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  2. Sempre a surpreender com boa poesia.
    O leitor é arrastado no tempo para a época de quinhentos, parecendo vivê-la como se fosse hoje.
    Não me ocorre outra palavra que não seja,genial.
    Alberto

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  3. Eu gosto quando tu cantas as coisas que contas. E gosto de um blogue chamado prosa e que é poesia. E é bom encontrar-te na blogosfera.

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    Respostas
    1. É como num filme, com a personagem a percorrer ruas e a transportar-nos por um mundo de cruzamento de cheiros, cores, culturas. e fá-lo cantando essa alegria, sim.

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  4. Alguém andou a passear por uma feira medieval e foi transportado para esse tempo!

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  5. Não sei se escreve ou se descreve,
    como não sei se leio ou se vejo
    mas sei que me sinto lá.


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