Manhã submersa


A bruma é densa 

sobre todos os seres suspensa
nada se vê  tudo se pensa
o que parece não é
o que é não aparece

E nesta manhã
no silêncio incorruptível
envoltos numa cápsula cinzenta
desconhecemos

Lentamente   muito lentamente
na luta tremenda entre a luz e as trevas
surgem fantasmas de certos indícios

A ténue luminosidade vence  mas não de vez
voltando a adensar-se o manto de bruma
descobrimos  então  que a distância
entre o ser e o não ser não é nenhuma

Finalmente  a luz surge da ausência
em todo o seu esplendor
e os seres aparecem
recortados de luz e de diferença

Comentários

  1. Tão bonito este teu poema sobre a névoa e o que nela é e não é:).

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  2. Nessa luta entre bruma e claridade há uma gradação feliz da escuridão para a luz, que acaba por vencer. É um entre-ser de possibilidades múltiplas que se vai revelando e assumindo uma face mais luminosa. Captaste, em pano de fundo cinzento, um quadro em que a perseverança constrói caminho, por mais brumoso que ele seja. E presenciar esse fenómeno foi fabuloso.

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  3. La mañana cubierta por la niebla presenta una realidad fantasmagórica que hace dudar de la propia existencia; al mismo tiempo es necesaria para valorar la luz que nos define y da sentido a la vida. Me alegro mucho de que la luz sea la vencedora de tu lucha interior.

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