A existência a esculpir-se
Da janela do meu peito
vejo a existência correr
adivinho os passos ainda incertos
dum ser acabado de nascer
vejo os sorrisos e abraços
e os obstáculos ainda por vencer
pressinto as certezas tornadas incertezas
e outras certezas que nascem
ou morrem antes de nascer
Da janela do meu peito
vejo a existência a passar e a mudar
a ser e a não ser
e a voltar
É neste fluir e refluir
que a existência se esculpe
e se cumpre
Ai ter assim uma janela rasgada no peito. Ai ver tanto e tão pensativamente, quem é que pode. Talvez o poeta de olhos desmedidos e coração de "fingir que é dor a dor que deveras sente".
ResponderEliminarA imagem é poderosa: ver com o coração, ou a partir do coração, ou abrindo o coração. É esse o olhar que o poeta esculpe e esse olhar, por sua vez, esculpe existências? Elas só existem através dele ou estão lá e são vida, per si?
ResponderEliminarSó se vê com o coração?