Bilhete postal do Gerês
Ontem choveu desalmadamente chuva intensa ritmada
os brilhos e cores da paisagem embaciados pelo
cinzento
de um céu baixo e nevoento
Hoje o sol descerra a paisagem tornando-a luz
encandescente
os brilhos e as cores endoidecem
Estou acima das árvores espetadas na vertente
escarpada
Ontem o som da madeira a crepitar
e a chuva a bater no telhado
marcavam o ritmo das horas
Hoje o silêncio rasgado pelo som vibrante e
prateado
da cascata a despenhar-se das alturas
captura o tempo e o pensamento
Ando mais uns passos e num recanto encontro-me
a sobrevoar a paisagem no Penedo da Freira
sento-me no seu sofá de pedra revestido a musgo
Apetece permanecer neste fluir constante
Um passarinho junta agora o seu canto
É manhã Gloriosamente manhã
Contemplo ao longe a albufeira da Caniçada
a vedar este vale repleto de árvores de abismos
e de água desgovernada a correr por todo o
lado
Uma paisagem alvoroçada a serenar-me a alma
Que nome se poderia dar a esta descrição paisagística?
ResponderEliminarSomente bilhete postal. Realmente a descrição é magnífica e encantadora, mais parece um quadro pintado com tantos pormenores que o tornam tão belo.
Obrigada pelo bilhete postal com a fulgurante paisagem de um lado e a descrição do vivido do outro. São intemporais a celebração e exaltação da natureza, mas raramente temos o privilégio de sentir essa glorificação in situ. E a alma enche-se de júbilo e serena-nos. Uma maravilha da vida. Bem-haja.
ResponderEliminarÉ poesia mas podia ser prosa. Uma redenção depois da chuva. A força que tem a natureza! E o tanto que em nós por ela e nela se ilumina.
ResponderEliminarFaz-me bem saber de ti assim próxima do eterno.