Prosa dos Ventos

Se um dia uma flor irromper feliz por entre as grades e agitar suas pétalas ao vento lembra-te que o impossível acontece e nem sempre o que é parece

Encontrei-te por acaso perdida num Jeep inviolada   perfeita para desfolhar-te Agradou-me o teu ar simples e escorreito teu rosto enigmático   de folhas e frutos Vou preencher teu corpo com linhas e traços

Passam sempre passam passos distraídos da vida * Há gente que passa Há gente que corre Há gente que fica   para sempre Foto: Alda Carvalho

Foto:Alda Carvalho As pedras do muro antigo com juntas pintadas de branco são como telas onde se lêem paisagens pelo tempo tecidas enigmas as pedras são como janelas quando a minha memória as inventa projectando-se nelas

Adiro a uma nova linguagem - o silêncio - quando o silêncio se diz contemplação quando o tempo se oculta nas dobras do sonho e a inteligência não tem fronteiras nem fim e chego a um lugar onde nunca estive e me sinto vazia de mim