Nos antípodas*
Baralhamos o tempo
quando ao arrepio do sol vamos
e rapidamente na noite entramos
Não é a noite que nos chega
somos nós que vamos ao seu encontro
que a procuramos e apressamos
o relógio habitual diz que é manhã
mas o sol despede-se num instante
A diferença entre o oriente e o ocidente
é apenas uma volta sobre os calcanhares
e por momentos andamos
para o futuro ou para o passado
sem sairmos do lugar
Nos antípodas há rios árvores
arranha céus e
gentes
os mesmos gestos também
mas outro é o tempo
o outono chega de repente
à nossa primavera
as árvores que eram flor
deixam cair as folhas em ouro fogo e carmim
e o que devia ser manhã
é o sol a despedir-se num arrepio sem fim
*Viagem para sul e para
oriente
O tempo é alheio aos homens; os homens não são alheios ao tempo. Sina de sermos sujeitos temporais.
ResponderEliminarSinto-me dentro do avião a viver essas imagens! Sabes dizer estas coisas de uma maneira mágica. Uma volta nos calcanhares, uma varinha e uns pós de perlimpimpim, mudam as cores, o dia e aterra-se noutro lugar. É só começar a olhar e a descobrir as pessoas... Lindo! Viajar é maravilhoso e faz-nos crescer.
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