O jogo do instante


Foto:Alda Carvalho




As pequenas coisas
os pequenos nadas
as coisas simples
despojadas
suspensas
que nos acompanham
quotidianamente
se iluminadas emergem
como uma nova realidade
assim desperta

Olhar para além do estridente
do faiscante
do resplandecente

Observar os detalhes  as orlas
os pequenos gestos
que tecem a existência
pode ser a janela  
a porta aberta
que à nossa vida faltava

Olhar para os instantes
é viver a própria vida
com todos os cambiantes

Comentários

  1. O estridente, o faiscante, o resplandecente não é apetecível. Pode atrair o olhar, mas não o segura, é-lhe até danoso. Pois não é assim?

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  2. As pequenas coisas têm pernas para andar - e por vezes altas, como as dos flamingos. Se a persistência do olhar e o empenhamento da mente e da emoção acertarem as suas órbitas. Então aí, as pequenas coisas podem-nos revelar grandes segredos que dão mais sentido à vida. Concordo. E o teu poema enquadra-nos, como a foto.

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