O voo do moscardo

 

                                                                            Foto: Alda Carvalho



 

pela janela um moscardo entrou

e em jeito de metralhadora

à volta de mim rodopiou

 

encolhi-me toda

perante a artilharia

no meu silêncio invasora

gritei  escondi-me

espinoteei  retorci-me

 

o moscardo ousado

voltou à carga

peguei num livro

e arremessei-lho

como uma arma

 

o moscardo rodopiou

e de novo atacou

mais forte e feio

numa guerra desigual

em que fui eu a ficar mal

 

até que uma porta se abriu

e o moscardo saiu

a rir-se de mim  pensei eu

 

mas pasmo revendo a cena

por uma criatura tão pequena

criar tal desassossego


e ainda não sei

qual de nós teve mais medo

 

 

 


Comentários

  1. Hummmm....achas tu que era um moscardo socrático?!

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  2. Olha que poema tão divertido. Fizeste-me lembrar o do "Colchão que saiu de dentro do Toucado"!
    É mesmo uma boa cena de teatro! A experimentação fica-te bem.

    ResponderEliminar

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