Ainda a pandemia

 

                             Foto: Alda Carvalho                                  




Cresce a ânsia de sair de casa

abraçar os amigos os parentes

enfim todos os entes

que sustentam a nossa vida

a nossa mente

 

mas muita cautela

há um intocável por aí

não basta fechar portas e janelas

circula invisível inodoro intangível

transportado pelos pés pelas mãos

pelo vento ou pelo simples respirar

e não possui um guizo ou um apito

que o faça anunciar

 

esse ente traiçoeiro e tão pequeno

pode estar em qualquer parte

cada vez com mais arte

para sobreviver e se multiplicar

gerando oceanos de desassossego

 

para não sucumbir a esta aflição

teremos de conter a ansiedade e o medo

e inventar

dum jeito real ou virtual

novas maneiras de abraçar

mais formas de nos proteger

e fazer do caos renascer

a luz da sua grande lição

 

a casa comum de todos os humanos

e de todos os seres com eles vinculados

nova ordem mundial está a reclamar

com menos desigualdades

mais harmonias e sintonias

pois só todos irmanados

cooperantes e dignificados

nos poderemos salvar

 

 


Comentários

  1. Em relação aos outros, não há como a possibilidade de tê-los ao alcance da mão e do olhar. Mesmo que os não tenhamos. É o poder tê-los, esse factor mínimo e tão imenso que movimenta o querer e cuja ausência nos dói na pandemia.

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  2. Esse bicho redondo e de extremidades pontiagudas não merece poemas, mas um libelo vem mesmo a propósito e ele bem merece ser condenado. Agora o difícil é mesmo semearmos esperança em melhores tempos, já que o caos e o desconhecido nos atormentam o horizonte.

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  3. Que maravilha! Estou " suspensa" por tanta criatividade e intuição.

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