Redes e enredos
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Foto: Alda Carvalho |
À beira do caminho havia uma rede
uma rede que apesar da larga malha
criava a sensação de separação
entre nós e o rio como uma
parede
Por vezes poisavam nela pássaros
curiosos por nos verem passar
aranhas nela teciam suas teias
que em orvalho eram joias a
brilhar
lianas enleavam-se nas
entrelinhas
derramando nela suas flores
a rede ganhava vida e novas cores
À beira do caminho já não há rede
nem nela pássaros teias ou flores
já não há parede nem nela orvalho
entre nós e o rio já não há
enredos
sente-se o caminho mais aberto
criando a sensação de liberdade
o rio mais perto segue sem segredos
À beira do caminho haver ou não
rede
não é motivo para não caminhar
pois na sequência de presença ausência
inúmeras paisagens se podem criar
O caminho faz-se caminhando. O importante é não parar. Apesar das redes e dos enredos, é preciso ir em frente, de olhos e coração abertos, para que minudências não nos detenham e nos concentremos em observar o belo e festejar a vida.
ResponderEliminarÉ tudo caminho e até nas redes a vida se enleia e faz percurso. Há as que salvam e as que estorvam. Mas acredito que o rio de eterno correr respire mais fundo sem elas.
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