Por quem choramos
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Foto: Alda Carvalho |
choramos
quando nos emocionamos
por alegria ou pura dor
ou qualquer sentimento profundo
que nos alaga e extravasa
choramos pelo real
e pelo que imaginamos
por desilusão
ou perda do que amamos
choramos por
raiva
do que não
conquistamos
por idas sem retorno a lugares
onde não fomos felizes
choramos por
momentos
almejados
concretizados
ou que não
chegaram a acontecer
choramos água verdadeira
dando escoamento
a essa voz
que se derrama
sob essa forma
primeira do nosso ser
choramos pelo passado
pelo presente
pelo futuro ausente
pelos outros
quando a empatia surge mais forte
Choramos no
amor e na morte
mas no fundo o choro é por nós
Pois eu penso que choramos demasiado pouco, derramamos parcas lágrimas, vamos endurecendo e cristalizando o sal das lágrimas não choradas, e, envolvido o coração nesse sedimento tumular, nos nasce uma indiferença ao que não somos e nos não pertence. Julgo que nos tornamos ilhas cada vez mais ilhas, sem pontes aéreas ou marítimas, isentos do sentido comunitário que tanto nos pertenceu e esquecemos, apesar da solidariedade de balcão que se apregoa. Mas quem chora fora do círculo, esses sim, choram o mundo. E não apenas choram: agem, estendem mãos e braços, são Humanos.
ResponderEliminarE desculpa o pessimismo. Deve ser do dia :)
Bom fim de semana
A fotografia parece alguém desvalido, curvado e triste, com um intenso frio interior que tão frágil capa não pode aquecer. E sobre ela e em seu redor pingos de chuva, como lágrimas estáticas.
ResponderEliminarÉ como se fixasse um momento de sofrido retraimento, por uma dor qualquer. Num fundo de verde esperança ou talvez tão somente de alheamento.
O poema é muito bonito e tocante. Choramos por tudo, por tanta coisa, em tantas ocasiões, mesmo que não deitemos lágrimas. E no fundo, por nós próprios!
O choro justifica-se por inúmeras razões.
ResponderEliminarA natureza por vezes é injusta para com algumas pessoas que nasceram e nunca poderão ser totalmente felizes, devido às enfermidades que têm porque não ouvem. não falam, não veem, não andam, há motivos para chorar não só nessas pessoas como daqueles que os apoiam.
Quando tudo parece estabilizado em alguns casos, a perda de algum familiar maias próximo, nós choramos e por fim, tudo nos é retirado pondo em causa a razão da nossa existência.