Não fora...


Foto: Alda Carvalho


Não fora a beleza e a grandeza dos poentes

ou a promessa de auroras grávidas de luz

 

Não fora o palpitar da centelha inicial

no seu rememorado vibrar

 

Não fora a serenidade da luz da lua

e a calma que emana só de olhar

 

Não fora o cenário diverso e profundo

que nos enquadra e nos amplia

 

Não fora o fulgor do olhar puro das crianças

que nos enternece e engrandece

 

Não fora a própria dor em todos os seus regressos

que nos alerta e nos faz crescer

 

Não fora um grão de esperança

que sempre guardamos no fundo da algibeira

 

como arrostar cada dia e onde ir buscar a alegria

que no cosmos nos revela a harmonia inteira

 

 

Comentários

  1. Que Paz, que tranquilidade ao degustar as palavras dispostas em harmonia e que traduzem tão bem o meu sentir. Lindooo

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  2. Há sempre uns lenitivos a dizer presente. Nem sempre os vemos, é certo. Mas estão lá, tão presentes como o sol por detrás da cinza cerrada das tempestades.
    Gostei tanto deste poema descentrado e universal, prosa.

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  3. Este teu sublime "Não fora..." faz-me lembrar a estrutura do "Se" de Rudyard Kipling. E é como um hino às coisas boas da vida e do universo que nos fazem esquecer a adversidade. Embora na sua inicial toada parecesse que iria dar relevo a certo pesar... Muito bem conseguido. Lindo.

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  4. Que maravilha sermos seres únicos e irrepetíveis, assim como os outros animais e as plantas !
    Embora susceptíveis do bem e do mal, como emanação da racionalidade e da liberdade,a Na-
    tureza ampara-nos, como flui deste belíssimo poema. S+R

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