"As pedras são as raízes da alma"


Encaustica: Alda Carvalho





 

Recordo um belo pássaro

de multicolor plumagem

que de encontro a uma vidraça

subitamente se quedou sem vida

  

além do corpo físico

há algo que nos anima

como uma chama

a que chamamos alma

 

há quem creia que essa chama

desaparece com a morte

e quem creia que ela permanece

e está em toda a parte

 

esse sopro sagrado

habita qualquer ser

seja ou não humano

como o pássaro o rio o mar

a flor ou a montanha

 

tudo está interligado por essa energia

que trespassa todos os seres

que não se cria nem se destrói

só muda de fisionomia

e estou em crer que é isso a alma

e as pedras as suas raízes mais antigas


Comentários

  1. É um poema tão bonito! Desafia-nos a uma meditação bem profunda sobre a existência. Conforta-me pensar que assim seja. E vou passar a olhar com mais respeito para as pedras - também as do nosso caminho. Obrigada por este olhar filosófico.

    ResponderEliminar
  2. FOGO !!!
    Além de um poema lindíssimo, aqui está mais uma faceta da Alda - que não deixa de me surpreender - de juntar o conceito de alma ao de energia e de os alicerçar às pedras que neste minúsculo planeta perdido na imensidão sem fim do Universo, foram o começo de toda a vida.
    Se juntarmos a pintura espantosamente bela e apropriada ao tema, para mim e neste período da minha vida, confesso que me emocionou ás lágrimas.
    Bens haja, Alda.

    ResponderEliminar
  3. Não sei se tudo é animado, se só os seres que se movem o são, se apenas o homem; ou se nem existe isso a que damos o nome de alma. A tua teoria, muito espiritual, tem o mérito de ser completa, um enorme círculo que não se desfaz e de que tudo é parte organizada. É possível; e preferível. Mas há outras.
    São felizes os que as possuem. Fonte de sentido, desanuviam a espessura do mundo.
    És uma artista. E não só da palavra.
    Um abracinho

    ResponderEliminar
  4. Cuando empecé a leer el poema sentí una enorme tristeza por el trágico final del bello pájaro. .Me quede mirando fijamente el azul intenso de su plumaje desintegrado en el cristal y misteriosamente, comencé a imaginar un pájaro que volaba libremente , fundido en el azul del cielo y reflejado en un mar azul. Este azul, siempre presente en tus poemas, en forma de luz, de agua ,de cielo, de pájaro, será el alma?

    ResponderEliminar

Enviar um comentário

Mensagens populares deste blogue

Caminhar

O QUE ME INSPIRA *

Entre o sonho e a realidade