Nas terras dos Maori *

 


Pintura a óleo: Alda Carvalho






 

Como fantasmas

envoltos em vestes brancas

a escorrer chuva

descemos o vale

 

vindas do abismo

árvores gigantes

velhas de existência

sobem até nós

as copas a  rasar nossos olhos

 

o rio corre nas funduras

envolto em fumos

que as feridas da terra

desprendem


a lama explode furiosa

em pequenos vulcões 

formando arco-íris líquidos


por todo o lado ressoam orações

rituais de um povo

                                                                   que habita há milénios 

                                                                     este misterioso lugar  

                                                                     em eterna reverência 

                                                                                                                            


                                                                                                                                     * Nova Zelândia

Comentários

  1. Uma parte do mundo bem especial e cheia de autênticidade e uma mundividência cheia de ligações entre vários planos da existência humana, vegetal e animal. Uma realidade mágica que a nossa civilização vai erodindo, mas ainda válida para grande parte dos maori. Deves ter tido vivências bem fortes por essas paragens. Também nunca as esquecerei. O teu poema é poderoso.

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  2. E, ao ler o poema e olhar a pintura, eu fui uma com essa gente misteriosa e ritualista. E vi o fumegar da terra e a humidade escorrendo na espessura verde.
    As coisas bonitas que tu sabes ver e pintar com teus olhos de poeta. Que agradeço.
    Bom fim de semana

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  3. Quando os nossos políticos acabarem de destruir a minha fé no Mundo, estou a guardar as últimas reservas de energia para a minha derradeira grande viagem, que há mais de meio século quero fazer à (Austrália) e a acabar, em apoteose, à Nova Zelândia.
    Vejo que não me enganei.
    O seu poema e a sua pintura das grandes árvores com o rio ao fundo, deveriam ser o Hino e o Cartaz daquele País.

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  4. Toca fundo ler o poema. .Parece que os fumos, os vapores , o silêncio entraram em mim e tudo acalmou. Lindo!

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