A folha caída


 



Foto: Alda Carvalho


 

A folha caída

vestida de cor

esmorece no chão

Olho-a com ternura

como olho a minha mão

Os veios desenhados

abrem-me caminhos

para o desconhecido

 

A folha caída

uma simples folha

mostra a fragilidade

o envelhecimento

e a renovação

dum ciclo de vida


A folha caída

não fenece nunca

pois será alimento

para a árvore mãe

ou para a imaginação

de alguém


A folha caída

que lembra veludo

ou pele macia

ou palma da mão

conta uma história

com toda a certeza

pois ela é memória

da mãe Natureza

 

Comentários

  1. Pois é: A Alda tem a rara capacidade de VER nos mais singelos e simples detalhes, a grandiosidade que é a vida.
    O paralelismo entre as nervuras (lindas) da folha e as veias da mão, é admirável e inspirador.
    Vou dar muito mais atenção às folhas caídas ...
    Parabéns, Alda.

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  2. Bonito poema em função de uma folha não menos encantadora. Há quem envelheça assim, artisticamente. E quem não. Mas, sobretudo humanamente, as aparências iludem e talvez a beleza do envelhecer seja uma atitude que depende mais do interior que do exterior que deteriora e nem sempre de forma tão bonita como a folha caída que, se outra função não tivera (que teve e terá), vive no teu poema e é presente sendo passado. Saber olhar como tu falta-nos muito.
    Bom fim-de-semana, Alda.

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  3. Esta folha, se o soubesse, ficaria muito feliz com o teu poema. É, de facto, muito bela, mas só tu, com o teu olhar e filosofia de vida nos consegues deleitar com a partilha desta tua elegia à linda folha. É um poema que faz bem à alma.

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