Recordações de Viagens - E.U.A. (Dez. 2016) (IV)


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Foto: Alda Carvalho




O duplo entusiasmo de entrar e de apanhar o  sucedâneo do comboio mítico, o Grande Expresso  de Chicago a los Angeles, onde viajaram os grandes actores de Hollywood, empolgou-nos. Dei o braço a Frank Sinatra e o Zé a Marilyn Monroe e embarcámos rumo a Flagstag.

Viajámos de dia no Observatory Car, todo envidraçado e com poltronas paralelas às paredes de vidro. Assim a paisagem desfilava toda à nossa frente como um filme inesgotável.

Roomet que fazia de beliche onde dormíamos é que era, sobretudo a parte de cima, onde eu fiquei, bastante claustrofóbica e apertada. No comboio a diversidade de gentes era imensa. Uma família de Quakers, ocupava o que parecia ser uma grande sala no fundo da carruagem, mas mal se viam. Elas com as toucas à leiteira de Vermeer, os seus vestidos compridos com saias pregueadas de boa fazenda e as crianças, entre as quais um bébé, que se comportava como os nossos, chorando o desconforto. Eles com o cabelo cortado reto e os seus trajes confecionados caseiramente e à moda do passado.

Ao passarem por nós as crianças olhavam-nos com curiosidade, espelho da nossa curiosidade em relação a elas.

A comida no comboio, abundante e industrial, aquecida no micro-ondas, enjoou-nos. Ainda bem que foram só dois jantares, um almoço e um pequeno-almoço.

Ao pequeno-almoço, ficou connosco á mesa uma professora que tinha ido visitar a mãe e que nos pediu desculpa por terem elegido Trump como Presidente. Dizia que ainda não acreditava como isso tinha sido possível e que só lhe apetecia chorar…

No Observatory Car conhecemos outros americanos, como uma senhora casada com um descendente de portugueses dos Açores e, entre outros, um de classe nitidamente mais baixa que pensava que Portugal ficava no Equador!... 

Foto: Alda Carvalho

*https://maps.app.goo.gl/YHbQCdhQTnFaNUJt8
**https://maps.app.goo.gl/di8UPNxEt83PEwqYA
Continua na sexta-feira!


Comentários

  1. Que par tão bonito! O Zé parece divertido e Marilyn orgulhosa por tê-lo a seu lado. E gostei de saber desse comboio onde nunca pisarei, e da tua viagem que também julgo estar fora do meu âmbito. Mais uma razão para não te esqueceres de a contar:).
    Um abracinho, Alda.

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  2. Claro que não levaram nem a Marilyn nem o Frank Sinatra convosco no comboio, senão a atenção dedicada os Quakers não teria sido tão grande. Imagino essa maravilhosa viagem tão cheia de curiosodades!

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