Caos granítico
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Foto: Alda Carvalho |
Andar de bicicleta numa linha
que o comboio trilhou outrora
ouvir o deslizar sobre os carris
como uma velha canção de embalar
e o granito em caos toda a viagem
são os penedos da minha infância
que noutro lugar a natureza me
traz
nutro por eles tamanho encanto
um misto de deslumbramento e paz
a natureza na sua agreste beleza
impiedosa e amena num só tempo
presenteada neste momento
rochas agrupadas em caótica imagem
de onde em onde uma casa
com uma ou outra árvore às janelas
mínimas nesgas de hortas ou o que foi
delas
são inúmeros pontuados na
paisagem
tumultos de pedras soltas como
derrocadas
enigmáticas e belas
É maravilhoso o que a nossa memória faz com associações instantâneas que vai buscar às suas gavetinhas lá de trás e cruza com algo que nos surge no momento presente.
ResponderEliminarÀs vezes produz um sentimento gratificante, outras vezes doloroso.
O poema faz-nos partilhar a tua alegria das boas memórias de infância e a descrição que fazes dessa tua viagem é tão vívida que parece que a estamos a fazer contigo.
Vemos o granito e não há caos na tua alma, mas sim serenidade.
Muito bonito.
Tudo que é tocado pela/na infância ganha vida e cor diferente, até as inorgânicas pedras. Bem adivinho onde foi esse passeio:). Mas, aos poetas, dá-lhes Deus outro condão, Cervantes lá sabia dos gigantes a que dava luta. E tu sabes que essas não são pedras comuns, mas lembranças de outras que em ti moram e fazem o teu chão.
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