Confinamento*

 

Foto: Alda Carvalho



Quando a vida parece um caos

após um qualquer furacão 

labaredas de raiva e de cansaço 

rubras como o fogo

distorcem a razão

 

Não adianta esbracejar 

em águas turbulentas

onde cresce o risco de afundar

Só a aceitação e a calma 

desfazem as tormentas 

 

O que fazer daqui em diante

senão pensar no que mudar

porque o porquê dum instante

se perde no seguinte instante

e cada instante é lugar

 

Preciso de um verso

para me iluminar



                                                                                               *Poemas da prisão (confinamento absoluto por contacto de alto risco)



                                                                            

 


Comentários

  1. É uma voz amordaçada e que, ainda assim, canta. Ou será um canto que tenteia a esperança, mão luminosa acendendo a escuridão.

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  2. É isso mesmo ! Procurarmos no fundo de nós próprios a força e a poesia para virmos à tona
    da água.

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  3. Parece que conseguiste a iluminação, nessa circularidade em remoinho que essa linda foto tão bem ilustra. E já passou. Embora a memória não se apague, vai adocicando a amargura desses dias.

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