No silêncio da catedral*
Foto: Alda Carvalho |
Entro na catedral
fugindo à vozearia dos automóveis
e ao frenesim da via principal
no interior do templo
a beleza das ogivas e das colunas espiraladas
e o silêncio enclausurado
cortado pelo marulhar da água na pia batismal
há um crente em oração
um turista fotografa e partilha comigo
o maravilhamento que o assalta
num inesperado cantar
a pia batismal símbolo de purificação
de fluir sereno de
renovação
é um íman que me atrai
estridente silvo de ambulância
arrepia o silêncio e súbito se esvai
o sereno fluir da água estremece
mas o caos da cidade permanece além
* Glasgow (antes da pandemia)
Curiosamente, independentemente da religião, os templos são lugares de paz e convidam-nos a ficar, a contemplar a sua beleza, mesmo que austera, a desfrutar daquele silêncio que nos confere tranquilidade. Há muito que o fazem, sentimos que o continuarão a fazer, por muito tecnológico que seja o mundo cá fora. Refúgio e abrigo, mesmo que as sirenes soem. Assim como o teu poema tão bem realça. Às vezes a mão do homem destrói-os.
ResponderEliminarOs templos são redutos de silêncio e recolhimento. Não interessa a que Deus se consagram. É o desejo da humana transcendência que leva o homem a construir e contemplar.
ResponderEliminarBoa semana, prosa.
A beleza e o encantamento das palavras que descrevem o ambiente dentro da catedral são arrepiantes.A descrição e a sensação é magnífica.
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