Nada me pertence
O que ouvi ou vi ou toquei
o que li o que vivi
quem amei
já não sei se foi meu
se o roubei
Nada me pertence
cada vez mais o eu e o meu perdem sentido
Revoadas de palavras caiem-me nas mãos
como pétalas desfeitas
ou folhas de outono já sem cor
mesmo as pérolas de orvalho na madrugada
perderam esplendor
Com as pétalas caídas refaço uma flor
ou um ramo com folhas desfolhadas
que requero orvalhadas
mas já não é a mesma primavera amor
nem os outonos dourados
apenas apontamentos expirados
apenas rumores já passados
Podem ser "rumores já passados", mas fazem mais belos os teus poemas; neles, os "rumores" brilham e dizem de ti.
ResponderEliminarTão linda a foto.~
BFS
Nada nos pertence, de nada nem de ninguém somos donos. Mas essa capacidade de fazer e refazer coisas aparentemente simples, sejam flores ou ramos ou afetos, como a que possuis, é mesmo um dom. O despojo da posse afigura-se uma vitória. Mais do que perda é sabedoria. E as viçosas florinhas da foto testemunham a perenidade das primaveras.
ResponderEliminarSinal de sabedoria essa dissociação do «eu» e do «meu». Com profundo sentido poético. Belíssima e encantadora fotografia. S+R
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