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A mostrar mensagens de novembro, 2018

Manhã submersa

A bruma é densa  sobre todos os seres suspensa nada se vê  tudo se pensa o que parece não é o que é não aparece E nesta manhã no silêncio incorruptível envoltos numa cápsula cinzenta desconhecemos Lentamente   muito lentamente na luta tremenda entre a luz e as trevas surgem fantasmas de certos indícios A ténue luminosidade vence  mas não de vez voltando a adensar-se o manto de bruma descobrimos  então  que a distância entre o ser e o não ser não é nenhuma Finalmente  a luz surge da ausência em todo o seu esplendor e os seres aparecem recortados de luz e de diferença

Caminho

Vou passando e meus passos arrastados sejam leves ou pesados vão sulcando   desbravando escavando   uma estrada Caminho existente ou por mim traçado Há encruzilhadas ou são apenas sonho Vou por aqui   por ali  ou acolá Penso ou apenas existo Ou existo e penso Ou penso e existo por pensar Ou sou apenas arrastada pelo vento ziguezagueando ao sabor da aurora ou do poente seguindo pela estrada traçada como poeira íntima do nada

Encruzilhadas

Dizes que a vida é um oceano de possibilidades cada passo  cada encontro    cada paragem   cada rumo abre infinitos traçados por traçar Cada momento é uma escolha a sulcar um   inexistente caminho No emaranhado de   traçados talvez voltemos ao ponto de partida Cada passo   cada encontro cada paragem   cada rumo abre outras possibilidades de caminho Haverá   lucidez para   corrigir os passos ou cegos   percorremos os mesmos espaços como se não houvera outros caminhos

A Verdade

No princípio era a luz a luz primordial que em louca correria tropeçou num cristal e se desfez em arco-íris Miríades de cores e gradações desencontradas perderam-se no espaço e no tempo Só a luz da busca ilumina o labiríntico caminho de retorno Como encontrar a porta certa que abismo ou que fraga nos alerta que fio nos conduz Como reunir as cores dispersas e encontrar a Verdade a luz primordial silenciosa e submersa

Vibrar com a existência

Sou um ínfimo elo na cadeia da existência um elo que pode ligar ou quebrar a harmonia do azul   do sol ou do luar Sou uma poeira no espaço que vibra ao mesmo ritmo de outros vibrares que se inebria com outros inebriares que é nada  mas é tudo singular e plural nesta cadeia sem princípio nem fim Sou um silêncio de espanto feito de medos e de esperança à  procura da verdade por detrás das aparências